terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Chico Science na Concha

O grande mestre fez seu primeiro show em Salvador na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Não sei ao certo quantos shows mais foram realizados na cidade, mas esse show foi emblemático. Lembro como se fosse hoje!

Era um desses fins de semana que a gente fica sem saco de ir pra praia, por volta das 3h da tarde, e pintaram 2 ingressos para o show de 2 bandas pernambucanas desconhecidas da galera soteropolitana e, muito menos, do Brasil: 'Chico Science e Nação Zumbi' e 'Mundo Livre S.A.' na lendária Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

O show começava 17h e o contato com algum camarada tinha que ser pelo telefone fixo (celular nem pensar!), ou seja, tinha que torcer pro brother não ter ido pra praia também e estar de bobeira em casa para poder fazer a convocação.

Pelanka sempre foi um camarda de todas as horas. Bateu vontade de tomar uma ceva 3h da tarde de 4a feira? Era só ligar pro Pelanka que ele topava. Hoje o trabalho impede esse tipo de programação, ou pelo menos deveria...

A conversa foi mais ou menos assim:
'- Pelanka, tá a fim de ver um show de 2 bandas desconhecidas de PE na Concha?'
'- Quem são?'
'- Não sei direito o nome, mas tô com os ingressos na mão'
'- Rapá, deve ser banda de frevo...'
'- Tá fazendo o que?'
'- Tô de bobeira'
'- Então vâmo nessa. Se for porcaria a gente se manda e vai tomar uma ceva em outro lugar'
'- Bora!'

Chegamos lá já com a cabeça feita e encontramos mais umas amigas na arquibancada vazia (aproximadamente 30% de lotação) com a mesma dúvida que estávamos sobre o estilo musical.

Quando começou o show tava todo mundo tava meio jogado na arquibancada, típica posição de que não está muito interessado no que vem pela frente.

Entraram no palco uns caras muito estranhos e o vocalista usava um óculos bem esdrúxulo, mas nada parecido com o párabrisa que vemos em alguns rostos de hoje.

Os tambores começaram a tocar e alguém próximo falou: '- É maracatu!'
Todo mundo continuva largado na arquibancada.
Aí meu brother, entrou uma guitarra por cima das batidas do maracatu e o cara do óculos soltou:

'No caminho é que se vê, a praia melhor pra ficar
Tenho a hora certa pra beber
Uma cerveja antes do almoço é muito bom, pra ficar pensando melhor'

O movimento pareceu combinado... Todo mundo se endireitou na arquibancada para entender melhor o que saía do palco, naquela época ainda sem cobertura.

O resultado final, especialmente na Bahia, não poderia ser outro; o show acabou com todo mundo em êxtase, dançando e comentando com a pessoa do lado: '- Que som de fudê!!'

Depois veio uma banda caribenha que lançou um som meio lambada e que contrastou com o ambiente que rolara até então... Mas nada poderia nos afetar depois do que vimos durante quase duas horas.

Na resenha da saideira o assunto era um só: nascia algo diferente que mudaria a forma de vermos a música nordestina.

E nunca mais conhecemos nada igual... Chico imortal!

Abraço!

Tchê

Um comentário:

Mauro Souza disse...

Não fui a esse show, mas em compensação fiquei ouvindo esta resenha por aproximadamente 2 meses. Alguém achou o CD numa loja! Comprou! Comprei! E adorei também! Fazendo uma arrumação para a minha mudança neste fim de semana achei o tal CD! E para comemorar este momento de resgate, irei passar todas as músicas para o meu Ipod. Nada como um som original, num mundo tão igual...