Nunca escondi de ninguém, nem teria motivos para isso. Afinal sou campeão de tudo e um dos poucos grandes do país (soma-se ao colorado: Cruzeiro, Flamengo, São Paulo e Santos) que nunca pisaram o solo da segundona do campeonato brasileiro.
É verdade também que aqueles que me conhecem há menos de 15 anos têm certeza que sou um torcedor ferrenho do tricolor baiano, mas o que poucos sabem é que até 1993 eu não torcia para o Bahia nem para o Vitória... Era uma espécie de torcedor neutro, que não combina com minha personalidade, e não tinha me decidido pelo Bahia devido a um motivo óbvio: a perda do título de 88.
Aliás, isso é uma coisa que poucos entendem... Como um torcedor do Inter pode ser Bahia??!?
Sempre disse que a razão é o fato de o Bahia ser o time do povão, mas isso é a simplificação da resposta... Tanto que não torço nem pelo Flamengo e tão pouco para o Corinthians (apesar da presença do fenômeno por lá).
A verdadeira razão, que demoraria muito tempo de explicação, está na final de 1993: Vitória e Palmeiras na eterna e saudosa Fonte Nova!
Nessa semana recebi um e-mail dizendo que todo torcedor do Vitória é um pouquinho Bahia. Veja o artigo na íntegra em http://www.baheaminhaporra.com/2008/12/pode-ter-certeza.html ).
Mas voltemos à resenha... Naquela época eu morava na Graça e tinha um vizinho (ex-colega do Social e um dos torcedores do vice mais chatos que eu conheço) que sabia dessa minha vulnerabilidade clubística na Bahia e me convidou para esse jogo.Saí de casa à paisana (sem camisa do vitória, claro!) e fomos andando da Graça até a Fonte pela Av. 7 - Nazaré até chegar na Fonte. O trajeto normalmente de 30 min. levou umas 2 horas. A cada boteco uma parada, com cerveja e confraternização muito moderada, nada comparado à da torcida do Bahia.
Entramos na Fonte por volta das 14h e ficamos na torcida do vice onde ficava a Bamor (eu sempre desconfiei que eles tinham vontade de ficar por ali). A briga pela cerveja era uma verdadeira guerra. Naquela época na Fonte ainda existia a separação da superior e inferior e era comum ver a galera pulando ou escalando de um andar para o outro.
Quando começou o jogo eu tava muito mais irritado pela falta de bebida e pelo aperto do que bebum, mas de repente uma garrafa de água mineral (daquelas de 1,5l) com a boca cortada apareceu do nada na minha mão. Nem pestanejei, precisava me embriagar logo, dei uma golada (a cachaça desceu rasgando!!) e passei adiante.
A tal garrafa já estava uns 5 caras à minha direita quando um banguela, uns 10 caras à minha esquerda, gritou: '- Ô sacana, onde tá minha cachaça?' Me fiz de desentendido e o cara saiu correndo no meio da multidão procurando a pinga dele. Nem sei se encontrou, pois pela potência, se não foi bebida, evaporou em 5 min.!
O jogo transcorreu e o gol do Edilson fez muita gente misturada na torcida vibrar. Aaha! Cheio de tricolor escondido e misturado na torcida do vice... Depois disso o clima de funeral se instalou.
Ao final do jogo a torcida do vice já tinha jogado a toalha... Não tem como virar esse jogo em SP, o jogo foi no Morumbi, com o time que o Palmeiras tinha (Evair, Edmundo, Roberto Carlos, Zinho e cia).
Tá certo, era um timaço, mas se fosse o Bahia no final dessa derrota ao invés de aplausos, como aconteceu, se ouviria: '- Ah! Eu acredito!'
O trajeto de volta foi patético... Um monte de rubro-negro chorando pelo centro antigo enquanto vários bares torcedores do 'Palmeiras' comemoravam o título ao som do hino do Bahia.
E assim eu virei Bahia... Lógico, não?
E você, ainda é torcedor do vice? Tá esperando o que?
Abraço!
Tchê