sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mamonas Assassinas: início e fim, sem meio.


Talvez esse tenha sido o maior fenômeno musical surgido no Brasil.

Pode ser questionado o legado cultural deixado ou que nenhuma letra do Mamonas Assassinas fazia a pessoa pensar ou mudar sua atitude, mas ninguém pode negar que sua música era diversão pura.

A História..

Em março de 1989, Sérgio Reoli conhece Maurício Hinoto, irmão de Bento. Ao saber que Sérgio é baterista, Maurício decide apresentar o irmão, que toca guitarra.

A partir daí, Sérgio conhece Bento e decidem criar uma banda. Na época, Samuel, irmão de Sérgio, não era "ligado" na música, preferia desenhar aviões. Mas, de repente, se envolveu com a música e começou a tocar baixo.

Sérgio, Samuel e Bento, então, formaram uma banda de rock chamada Utopia, especializada em covers de grupos como Legião, Titãs e Rush.

Em um show, o público pediu para tocarem uma música dos Guns n'Roses, e como não sabiam a letra, pediram a um espectador para ajudá-los. Dinho voluntariou-se para cantar, em meio a vaias e com sua performance escrachada fez o público rir, sendo aceito no grupo. Julio Rasec, por intermédio do vocalista Dinho, foi o último a entrar em Utopia.

O Utopia passou a apresentar-se na periferia de SP e lançou um disco que vendeu menos de 100 cópias. Aos poucos, os integrantes começaram a perceber que as palhaçadas e músicas de paródia eram mais bem recebidas pelo público do que os covers e as músicas sérias. Começaram introduzindo algumas parodias musicais, com receio da aceitação do público.

Através de um show em uma boate em Guarulhos, conheceram o produtor Rick Bonadio e decidiram, então, mudar o perfil da banda, a começar pelo nome, "Mamonas Assassinas do Espaço", criado por Samuel Reoli e reduzido para "Mamonas Assassinas".

Mandaram uma fita demo com as músicas "Pelados em Santos", "Robocop Gay" e "Jumento Celestino" para 3 gravadoras, entre elas a Sony e a EMI.

Após gravar um disco, os Mamonas saíram em imensa turnê, apresentando-se em programas como Jô, Faustão, Xuxa, Gugu e tocando cerca de 8 vezes por semana, com apresentações em 25 dos 27 estados brasileiros e ocasionais dois shows por dia. O cachê dos Mamonas tornou-se um dos mais caros do país, R$50 à 70 mil, e a EMI faturou cerca de R$80 milhões com a banda. Em certo período, a banda vendia 100 mil cópias a cada dois dias.

Eu conheci o Mamonas no Skol Rock em Blumenau em 1994, evento paralelo à Oktoberfest, e tive a sensação de que aqueles caras vestidos de mulher e super-herói iam fazer sucesso.

Quando cheguei em Salvador comentei com a galera sobre a banda e mostrei o cd que tinha comprado durante o evento. A opinião de todos foi a mesma; os caras faziam uma somzeira com umas letras que não valiam nada, mas que a gente gostava de ouvir (e rir).

Logo depois, assim como no Brasil inteiro, o Mamonas virou febre em Salvador. Era época em que bombavam (na época essa expressão não existia) picos como o Miau (teremos uma postagem sobre ele), Kombi 4 Rodas, Mercado do Peixe, etc e era comum encontrar nesses lugares carros com a mala aberta e as músicas do Mamonas ecoando em diversos carros diferente.

Uma coisa tem que ser lembrada; naquela época não existia mp3 (emule, kazaa, etc) e tão pouco cd pirata. Como o Mamonas só tinha lançado um disco (e ficou somente nesse mesmo), todos ouviam a mesma gravação, com as mesmas músicas.

Por causa disso, 2 meses depois tava todo mundo enjoado... Mas no carnaval de 95 as músicas foram muito bem aceitas nos trios elétricos baianos.

O que aconteceu depois todo mundo sabe e não é objetivo desse blog lembrar e até hoje muita gente ainda comenta onde eles teriam chegado se a tragédia não tivesse ocorrido.

E você, curtiu o Mamonas?

Abraço!

Tchê

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Novelas dos Anos 90

Vocês devem ter estranhado o título dessa postagem, mas essa semana me deu vontade de falar sobre as novelas que marcaram os anos 90.

Para ser sincero, não sou muito chegado em novela. Pra mim a história é sempre a mesma: uma família rica, dona de uma grande empresa em que ninguém trabalha (mas entra e sai à vontade), um grupo querendo roubar a fortuna dessa e aquele pessoal do núcleo pobre que é lascado, mas é feliz!

Entretanto a década de 90 foi especial para o teledramaturgismo (nem eu acreditava que poderia escrever isso!).

A década começou com uma pérola: Rainha da Sucata.

Um clássico! Certamente foi a primeira novela que assisti um final, principalmente por causa da D. Armênia. Acho que alguma relação familiar me causou essa admiração.... E ainda tem aquela cena da Maria do Carmo em cima do prédio, duvido que saia da memória de alguém!

Essa década ainda teve outros "clássicos", ou você não lembra de Vamp, O Dono do Mundo, Perigosas Peruas, Pedra Sobre Pedra, Renascer, Mulheres de Areia (que tinha Ruth e Rachel e o muito simpático Tonho da Lua), Tropicaliente, Salsa e Merengue, entre muitas outras que fizeram sucesso.

Mas nada se compara a novela O Rei do Gado.
Foi um sucesso estrondoso! Conseguiu envolver todos num clima de campo que nós moradores das grandes cidades imaginamos ser o ambiente ideal para aliviar o stress; sem disputas, competições, poluição e mazelas da diferença social que os grandes centros urbanos produzem.
Mas não é sobre isso que gostaria de falar nessa postagem...
A novela é igual no país inteiro, certo? Errado. Na Bahia é diferente!
Nessa época, era comum durante a semana as pessoas saírem de casa para a balada somente após a novela. E não eram só as mulheres não. Tinha muito marmanjo que só ia pra night depois que subia o letreiro do final do capítulo e ainda era muito fácil ver festas que só começavam o som ao vivo 1/2 hora depois de acabar a novela.
Mas o que mais me impressionou foi o último capítulo da novela O Rei do Gado. As ruas vazias pouco mais de 1h antes da novela começar, a galera reunida nas casas para assistir ao último capítulo, no esquema: cabeça traz a cachaça e o cabelo o limão, cada um traz uma caixa de cerveja e um tira-gosto... É final de novela na Bahia era assim!
Depois do Rei do Gado ainda teve: Zazá, Torre de Babel, A Indomada, Terra Nostra, entre outras, mas nenhuma delas foi capaz de superar O Rei do Gado.
Como disse anteriormente, eu não assisti e não assito novela... Are, Baba!
E você?
Abraço!
Tchê

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Semana Santa no Pedras do Rio

Esse momento de aproximação da Páscoa me motivou a escrever sobre um dos programas prediletos nos feriados da semana santa da década passada: Feriadão no Condomínio Pedras do Rio.

Previamente peço desculpas pelo caráter egoísta dessa postagem, já que foram poucos que viveram essa experiência Shamanica-transcendental, se é que isso existe de fato...

O rio Joanes limita os municípios de Camaçari e Lauro de Freitas e as praias de Buraquinho e Buscavida na sua foz. Os manguezais do seu estuário são considerados relevantes no contexto da região do Litoral Norte da Bahia, sejam pela sua tendência ao desenvolvimento do turismo, pela expansão imobiliária ou pela garantia da manutenção de espécies como os peixes robalo e tainha ou crustáceos como caranguejos, guaiamus e siris.

À margem direita desse importante rio encontra-se o condomínio Pedras do Rio, um condomínio muito simpático e calmo que de vez em quando tinha sua tranquilidade abalada pela presença de uma galera que embalava a bebedeira ao som de muito rock n'roll.

A programação era a seguinte: véspera de feriado e a galera se encontrava em Itapuã para pegar uma kombi com destino à Lauro de Freitas. Mochila nas costas, caixas de cerveja na mão dividindo espaço com a sacola com mantimentos para sobreviver alguns dias, som portátil, isopor com carne para o churrasco e por aí vai...

Uma confusão da porra! Uns chegavam mais cedo e organizavam a casa - entende-se por organizar reservar uma cama e colocar a ceva no freezer. Quem chegava depois pegava a pior cama, mas já encontrava a birita em ponto de bala!

Eram dias muito intensos e acredito que alguém tenha criado a idéia de reality show a partir dessa experiência trash vivida por nós.

Rolava de tudo!

Certa vez, estávamos fazendo um churrasco num grelha aberta durante uma noite depois de um dia inteiro de birita e um dos caras pediu para a mina que estava mais perto virar a carne. Claro que o grau de compreensão naquela hora era muito baixo e nossos últimos pedaços de carne não enlatada foram pro carvão no momento em que ela virou a grelha e não as carnes individualmente. Resultado? Biscoito cream cracker com atum pra todo mundo.

Numa das aventuras mais perigosas, 3 malucos sairam num bote a remar pelo rio e esqueceram que estavam a favor da correnteza. Quase foram parar no mar, mas por sorte uma pessoa mais bem localizada na escala social passou com uma lancha a motor e jogou uma corda a fim de dar uma carona aos bebuns que estavam à deriva. Claro que isso não deu certo... O bote quase se espatifou numa das colunas da ponte que liga as duas margens.

A pior de todas foi uma conversa à beira do rio numa dessas noites insanas que fechavam um dia tão ou mais insano. Estávamos em grupo conversando no fundo da casa, que ficava à margem do rio, quando olhando o mato do outro lado da margem alguém perdeu a oportunidade de ficar quieto e lançou:

'-Acho que ali na frente é Itaparica.'

Começou uma discussão sem fim. Uns poucos diziam que ali não podia ser Itaparica enquanto a maioria concordava (é verdade e prefiro acreditar que era para alimentar a viagem coletiva!) até que veio o inesperado... Não, não foi um ferry boat cruzando o rio Joanes, mas a consciência de uma das meninas que foi passar o fim de semana por lá escondida dos pais:

'-É melhor eu sair daqui, pois meus pais estão na ilha e se me verem aqui eu me lasco!'

E saiu andando em direção a casa sob o olhar atônito de todos.

Em outro episódio, saiu todo mundo de casa e ninguém pegou a chave. Quando voltamos começamos a testar todas as janelas e portas para ver se alguma tinha ficado aberta. Como éramos muito previdentes com o material que deixávamos em casa (cerveja, feijoada e kitute em lata, etc) obviamente que deixamos tudo bem fechado. Tentamos de tudo, voamos sobre janelas, passamos cartão de crédito (na verdade era de telefone) na porta até que veio a idéia de usarmos uma vassoura para abrir a porta pelo basculante da cozinha.
Não foi fácil. Passamos uns 20 minutos nos espremendo para alcançar a maçaneta, já que a distância era grande.

Quando conseguimos abrir a porta da cozinha.... CATAPLAM!

A porta da sala estava quebrada ao meio, pois alguém resolveu arrombar a porta da frente enquanto abríamos a do fundo.

Nem preciso dizer que nossa carreira em Pedras do Rio acabou aí, mas várias lembranças ficaram dessas aventuras.

Ainda teve violão quebrado, bolo de ervas finas, pirâmide de lata e muito mais!

Abraço!

Tchê

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ensaio do Gera Samba no Espanhol

Esse era um evento imperdível para a galera colegial e mais amadurecida nos anos 90.

O ensaio do Gera Samba foi um dos percursores da domingueira da cidade.

Antes da fama, os ensaios aconteciam na Federação, em algum desses lugares que até hoje tem função dupla na cidade: de dia é estacionamento e à noite vira um 'cacete armado' (essa é uma das expressões mais baianas que eu conheço!) para alguma banda desconhecida, ou não!, arranhar o cavaquinho e o dono vender algumas cevas...

O Gera Samba foi formado em 1992 com dez músicos. Por favor, olhem nesse quadro ao lado (extraído do Wikipedia) a função do Jacaré... Alguém me bate um abacate, por favor!!

O grupo passou por algumas transformações ao longo do tempo. No início o Gera Samba mantinha um estilo frouxo de pagode tendo como uma de suas músicas mais famosas da época "A Cordinha".

Mais tarde, o grupo teve que passar pelas primeiras transformações. Um delas é o fato de surgir uma nova manifestação de pagode, um estilo próprio da 2ª geração do pagode, de grupos como Gera Samba tendo como a música mais famosa "É o Tchan" de 1996.

Em 1995, houve a primeira cisão do grupo. Dois músicos saíram do Gera e fundaram outro grupo, o Terra Samba.

Em 1997, ocorreu a segunda cisão. Parte do Gera Samba se tornou um grupo de samba com axé, que devido ao sucesso do albúm de 1996, passou a se chamar É o Tchan!.

Mas voltemos ao tema...

A movimentação na frente do Clube Espanhol começava cedo. Há 15 anos atrás, festa no domingo acabava 22h! Nada parecido com o Alto do Andú nos tempos de pescaria atual....

Não lembro ao certo o horário que começava, mas acredito que 18h já estava todo mundo lá dentro com o couro comendo (não acredito que estou dizendo isso do Gera Samba!). A maioria dos caras ia direto da praia para continuar biritando no posto ao lado.

Mas a mulherada não! Elas passavam em casa, tomavam banho e colocavam a bermuda jeans da DIMPUS para depois ir...

Lá dentro era um Deus nos acuda, como toda festa naquele pico. Estrutura de bares e banheiros ruins, gente se espremendo lá e outro tanto segurando corda, barbante, pedaço de papel ou qualquer outra coisa que pudesse simular a cordinha quando era executada a famigerada 'Dança da Cordinha'.

Relembrando:

Essa é a nova onda
Que eu vou lhe ensinar
Por debaixo da cordinha
Você vai ter que passar

Remexendo assim com o Gera
A menina e o rapaz
É o bicho da cara preta
Mostrando como é que faz

Passa gordão
Passa magrinha
Quero ver você passar
Por debaixo da cordinha

Depois o Gera virou O Tchan! e se tornou um fenômeno de mídia.

Lançou Carla Perez e Débora Brasil ao estrelato (sic! Essa foi foda...) e acabou como tudo que não tem consistência e se torna mais uma moda passageira com data de validade muito próxima de expirar.

Mas se engana quem pensa que sua importância tenha sido reduzida.
O Gera Samba, depois É o Tchan! lançou um novo estilo musical que privilegiava a dança (sensual) e que depois exerceu influencia sobre outras bandas e, especialmente, outros ritmos musicais.

E você, lembra que já nos encontramos no Espanhol??!?

Abraço!

Tchê